EUA e BR: Diferenças e Lições

Está chegando o verão nos Estados Unidos e o inverno no Brasil. Esta pode ser uma das mais perceptíveis mudanças em nosso cotidiano, mas certamente não é a única. EUA e BR são mundos bem diferentes, mas com alguns desafios bem parecidos, entre eles a segurança!

Apesar do desafio comum, a abordagem dada a ele é bem diferente. Enquanto os EUA investe forte na prevenção e conscientização (inteligência, tecnologia, programas preventivos, etc.), o BR prioriza seus investimentos na reação. O que aparece mais na mídia e aos olhos da população é a reação (armas, veículos, obras físicas, etc.), dessa forma, os governantes tomam proveito para propagar o seu “trabalho”, sem a mesma efetividade que a prevenção gera.

Vejo também que há dois fortes componentes que podemos destacar nesse processo de comparação entre os dois países, envolvendo a segurança pública e privada de forma macro. O primeiro deles é a Educação de qualidade, e o segundo, uma Justiça eficiente.

Tenho repetido que a educação é a mãe de muita coisa, inclusive da segurança. Um povo educado é a base para o desenvolvimento e, por consequência, a manutenção de uma sociedade mais segura. Aqui nos EUA o investimento na educação pública é suportado pelos impostos pagos pelas casas (nosso equivalente IPTU do BR), portanto, a região que paga mais impostos tem mais recursos em suas escolas. Outra coisa importante é um ranking nacional que classifica as escolas em várias categorias. Geralmente, as pessoas que têm filhos em idade escolar escolhem suas casas após definirem onde seus filhos vão estudar, preferencialmente nas escolas que estão melhor classificadas.

Quanto a Justiça, todo mundo está sujeito a “Mesma Lei” e o julgamento é rápido e certo. Com isso, não há espaço para se protelar pequenas transgressões, reconhecidas aqui como o berço dos maiores crimes. O que estou querendo explicar é que uma simples multa de trânsito não vai apenas lhe causar o impacto financeiro do valor nominal dela, a sua apólice de seguro poderá sofrer variações, ficará mais cara, e seu histórico será guardado para uma análise futura do seu comportamento no trânsito. Tudo vai pesar no bolso.

A proposta aqui é educar o mau cidadão no começo, desde quando ele comete pequenos delitos, levando-o a ter certeza de que sendo pego pela polícia, será julgado rapidamente e que, invariavelmente, cumprirá uma pena (pecuniária ou restritiva de liberdade).

A segurança privada está bem amadurecida e desenvolve seu trabalho muito alinhado com toda a cultura de segurança pública. Percebemos também que cada cidadão é um fiscal da Lei e sempre que vê alguma coisa errada, informa a um agente de segurança, quer seja público ou privado. A proposta por aqui é agir de braços dados com as forças de segurança pública.

No Brasil tal atitude seria reconhecida como um “Dedo Duro”. Acho até que por isso, muitas vezes, nos acovardamos em reagir diante de determinadas situações de insegurança, por não querermos nos envolver nos problemas alheios. Se a questão for segurança, as pessoas aqui nos EUA não deixam passar despercebido, elas gritam mesmo!

Matéria publicada em minha coluna no jornal Gazeta Brazilian News: http://gazetanews.com/author/igor-pipolo/.