Mas uma vez um bem público sofre com o descaso daqueles que deveriam cuidar com profissionalismo e eficácia que o mesmo merece. Desta vez foi o Memorial da América Latina, mais precisamente o Auditório Simón Bolivar. Quem teve a oportunidade de conhecer este espaço, com certeza ficou impactado com o ambiente criado pelo Gênio Oscar Niemeyer e com obras da Jovem de 100 anos, Tomie Ohtake.
A cobertura jornalística nos trouxe notícias que podem nos lembrar e ensinar. São fatos que podem acontecer (e acontecem) com diversas organizações. Que podem acontecer com a sua organização. E se fosse o ambiente das informações de sua organização? Sua organização está preparada para enfrentar uma situação parecida?
Vejamos o que aconteceu, e tomara que aprendamos a lição.
a) Alvará estava vencido há 20 anos
O Alvará do Corpo de Bombeiros estava vencido há 20 anos e estavam providenciando. Pura balela. É inacreditável. Um elemento legal, mínimo necessário, não existia. O mais incrível é que o ambiente estava funcionando normalmente. Mas, independentemente da fragilidade da fiscalização, a organização tem que se auto fiscalizar. Claro que a prefeitura tem uma culpa enorme por não fiscalizar. Afinal é um dos monumentos da Cidade de São Paulo e não vale a desculpa de poucos fiscais. Mas, a organização tem que, antes de tudo, cuidar de si mesma.
b) Todos os prédios e obras têm seguro, afirmou o presidente do Memorial
Sim, e os ingleses tomam chá às cinco da tarde. Esta é uma afirmação ingênua? Ignorante? Ou de má fé? Tomara que seja ingênua. O fato de ter seguro não elimina a necessidade de ser ter uma avaliação atualizada das condições físicas pelo Corpo de Bombeiros ou por especialistas. A ameaça que um seguro cobre não tem nada a ver com a ameaça da destruição pelo fogo. O seguro cobre a parte financeira. Não cobre vidas e as perdas imateriais.
c) Hidrantes não estariam funcionando
Simples. Não se faziam testes regulares. Um simples teste mostraria falhas como esta dos hidrantes.
d) O acesso ao auditório foi difícil
Da mesma maneira do item anterior, testes não eram realizados. Não foi feita nenhuma simulação para avaliar como e durante quanto tempo a brigada de combate imediato conseguiria chegar aos diversos pontos do auditório.
e) Brigadistas teriam usado extintor de água em lâmpada elétrica
Os bombeiros relataram que brigadistas teriam usado extintores a base de água para combater fogo provocado por eletricidade. Falta total de treinamento da brigada. Isto é, a brigada existia, mas totalmente sem preparo adequado.
f) Uma lâmpada estourou e saiu fagulhas
Material de fácil combustão não deveria ser utilizado ou neste caso, lâmpadas deveriam ter uma segunda proteção para o caso de falhas. Mais uma vez, demonstra a não existência de simulações e estudo dos riscos do ambiente.
g) Fumaça invade estúdios e corredores da Rede Record
A Rede Record é vizinha do Memorial e mesmo o fogo não sendo nas suas instalações, sofreu com o fogo do vizinho. Estúdios tiveram que ser abandonados e ocorreu impacto no operacional, isto é, na programação da Rede Record. Isto nos lembra e ensina que nossa organização pode estar bem preparada, mas se nossos vizinhos não estiverem poderemos sofrer com a fragilidade dos mesmos.
h) Tomie Ohtake pretende refazer a obra
Assim que seu filho lhe deu a notícia de que sua obra, uma linda tapeçaria de 70 metros de cumprimento tinha sido destruída pelo fogo, a Jovem artista Tomie Ohtake de 100 anos decidiu que iria refazer a obra. Uma lição de vida.
Não é bom que situações como esta do incêndio do Auditório do Memorial da América Latina em São Paulo aconteça. Mas já que aconteceu que todos nós aprendamos e nos lembremos de algumas lições e que nossas organizações ganhem com isto.
Como está a sua organização?