MindSec – uma dinâmica estratégica a partir da ciência e da teologia

A grande maioria das pessoas, em contato com o ambiente corporativo e de negócios, está familiarizada com o termo “MindSec” e sua aplicação a partir do próprio significado: configuração da mente.

Diferente de restringir-me ao público e às aplicações convencionais da Segurança, proponho neste artigo uma “carona” no termo que já tem significado completo em si mesmo essencial para a nossa vida pessoal e para a capacidade estratégica em nossas atribuições corporativas: “MindSec – configuração da mente em Segurança”.

Acompanhando as principais definições do termo original, está relacionado às características da mente humana que determinam pensamentos, comportamentos e atitudes, a forma como uma pessoa vê e interpreta a si mesma e o mundo à sua volta, que está relacionada às suas atividades em geral, em qualquer local, a qualquer momento, em todas as dimensões: física, mental e espiritual.

A neurociência está cada vez mais convergindo para soluções de desenvolvimento, manutenção e tratamento da saúde mental através destes três aspectos da existência humana: o físico, o mental e o espiritual, inserindo o auxílio e aconselhamentos espirituais em complemento às intervenções medicamentosas que tratam o equilíbrio dos “mediadores químicos” e as psicanálises que tratam a recuperação da percepção mental da realidade dos pacientes, tendo em vista o efeito físico e fisiológico somente alcançado através da espiritualidade, principalmente na capacidade de resiliência. Hospitais na Europa e nos Estados Unidos constam em seus tratamentos formais, escalas de sessões de espiritualidade aos pacientes, principalmente àqueles em estado terminal e de coma. No Brasil temos um programa, de equivalente importância, denominado “Capelania” (Lei 9.982 – 14 de julho de 2.000), que atende não somente questões hospitalares, mas, também prisionais e sociais de forma geral, no ambiente das Forças Armadas a Lei 6.923/1981, que além da assistência espiritual, tem também encargos relacionados ao ensino religioso e a instrução moral dos militares e suas famílias. É neste nível de pensamento que busco estimular o “MindSec” como um instrumento essencial para a vida das pessoas, da sociedade, organização e seus resultados.

O “MindSec” é uma proposta de aperfeiçoamento da percepção da segurança para a vida e os negócios, em suas características essenciais para garantias e resultados de médio e longo prazo, deixando as âncoras operacionais e táticas, em conclusões pelo legítimo instinto humano de sobrevivência e autossuficiência, que reconheço natural, embora precário.

Ouso propor uma Metanoia, por tratar-se de uma proposta de transformação mental relativa à forma de pensar sobre segurança, estimulando mediadores químicos a construírem novas sinapses, ajustando a maneira inerente ao ser humano de pensar segurança como parte da vida, aperfeiçoando a capacidade de pensar segurança enquanto estratégia natural de bem-estar pessoal e familiar, individual e coletivo, também de negócios na busca de garantia dos resultados.

A forma de trazer esta dinâmica para a prática é uma quebra de paradigma, percebendo todas as vantagens que o risco pode promover, tanto no âmbito pessoal quanto de negócios, mas, que dependem justamente do posicionamento mental do indivíduo na sua condição pessoal ou profissional, quando se depara com uma situação em que deve suportar a tomada de decisão ou propriamente decidir.

O risco também é uma oportunidade de vantagem competitiva, à exemplo das definições que o descreve como “incertezas de efeitos positivos e negativos”, “oportunidades ou ameaças contra os objetivos planejados”, definições inclusive suportadas pela ISO 31000. Porém, continuo testemunhando limitações em replicar toda esta teoria no posicionamento organizacional, de forma pessoal e institucional, tanto pelos executivos da área de segurança quanto da cadeia de valores em geral, que chegam a afirmar que a segurança é estratégica para o negócio, mas, não conseguem explicar de forma clara o “por que”, menos ainda o “como”. É uma questão de extensão da perspectiva financeira e de negócios que já conhecem, que deve ser estimulada de uma forma que lhes seja familiar, portanto, longe de ser uma crítica às demais áreas ou executivos, é antes de tudo um apelo à nossa responsabilidade como profissionais de Segurança, de promover e sustentar o “MindSec” em benefício de todos.

A direção executiva depende do posicionamento dos especialistas atuarem efetivamente de forma estratégica, instruindo a participação da segurança à partir das próprias convicções, mas, estas últimas são justamente as grandes responsáveis pela limitação de toda a organização tendo em vista que estas convicções não estão ajustadas ou firmadas no nível estratégico, por contínuas abordagens operacionais ou táticas, discutindo Segurança ainda na “Era” que chamo de “3G” (Guards, Gates and Guns), enquanto devemos falar em custos financeiros dos riscos, investimentos em controles de segurança e retorno destes investimentos (ROI) e tempo de recuperação do valor investido (Pay-Back), estes são exemplos do que menciono acima como “forma que lhes seja familiar”, que é a linguagem corporativa de resultados de negócio à ser tratada com o mercado de ações para a promoção de dividendos… Percebem o caminho da operação de segurança à estratégia organizacional? Saindo das divisas e dos portões para o mercado de ações, como valor agregado através de uma ação única e indispensável para a real perenidade das operações e resultado…promovemos um ambiente confiável e confiança gera dividendos! (A Velocidade da Confiança – Stephen Covey)

Para ilustrar a transição mental proposta, podemos tomar como exemplo o método “Color Codes”, ou Códigos de Cores, introduzido por Jeff Cooper, que defende uma “mentalidade de combate” como principal forma de sobrevivência em um confronto letal. Os códigos consistem na transição de diferentes estados mentais de alerta para determinadas condições que alteram a capacidade de sobreviver a uma situação de risco.

O “Código de Cores” é uma ilustração tático-operacional para orientar a transição saudável do estado mental à fim de equilibrar a necessidade de bem-estar com a condição ideal para não ser surpreendido e levado ao estado de “pânico” diante de crises de segurança, então, replicando este método para a Metanoia em Segurança que buscamos, a organização precisa ser orientada a uma “mentalidade de dividendos” na percepção da Segurança, como parte essencial em todos os seus processos de forma natural, considerando a transição de cada situação, cenário ou nível de risco em Segurança que possa comprometer as suas realizações e resultados, com a respectiva perda financeira, pois, é esta que orientará e justificará qualquer centavo à ser investido em controles de segurança, afastando assim a tradicional alocação dos recursos de segurança nas colunas de gastos ou despesas, nos planejamentos ou demonstrativos de orçamento.

Exemplificando de forma bem simplista: uma falha de controle de acesso ou um mero buraco na cerca de divisa, qualquer um deles, pode causar uma interrupção na produção por períodos indeterminados, com tempos que devem ser relacionados na análise de segurança e associados na apresentação da perda financeira correspondente à produção não realizada (perda intrínseca), e suas implicações ou efeitos colaterais em outros processos (perdas relativas).

A área de Segurança Corporativa é cada vez mais necessária como uma estrutura vertical em termos de isenção e competência específica, sem atribuições diversas às responsabilidades peculiares, deve participar de todas as discussões e fóruns relativos aos riscos corporativos na estrutura organizacional, por dedicar-se de forma especializada a origem intencional da perda ou dano, contra a integridade física ou vida de pessoas, ativos, instalações, operações e resultados planejados. Competência responsável por uma condição crítica e instável de risco como a “intenção”, requer atuações específicas, tais como: investigação, contrainteligência, tecnologia de monitoramento, operações de segurança pessoal, proteção de ativos e instalações, atividades contra fraude, corrupção, terrorismo, atentados, crime organizado, e etc.

Como pré-requisito desta maturidade na estrutura, é necessário que a Alta Gestão ajuste sua percepção sobre os valores implicados pelos riscos específicos das situações intencionalmente provocadas e mantidas para atacar as pessoas, a organização e a sua capacidade de resultados, à exemplo dos valores já considerados no Plano de Continuidade de Negócios (PCN) e Controle de Riscos Corporativos, financeiramente orientados pelas análises de “Business Impact Analisys” (BIA) e ERM-COSO (Enterprise Risk Management), porém, que normalmente subestimam os indicadores financeiros ao tratar Riscos de Segurança, ignorando a correspondência dos riscos de: “1. acidente”, “2. falha operacional”, “3. causa natural”, “4. falha de controle”, com a hipótese de riscos intencionais eventualmente encobertos: “1. dano pessoal proposital próprio ou por terceiros”, “2. sabotagem em máquinas ou equipamentos produtivos”, “3. obstrução de escoamento de água ou destruição proposital de encostas de contenção”, “4. fraudes em planilhas”.

É comum observar que os relatórios das análises de risco COSO e BIA não estão alinhados, porque nenhuma área tem a necessidade em suas funções de conhecê-las senão a Segurança Corporativa, esta que também raramente sabe de suas existências e dificilmente terão suas análises de riscos consideradas naquelas ou suportadas por elas, um verdadeiro desperdício de conteúdos pelo desprezo dos caminhos já percorridos.

Os termos que apresento para estimular a sua conclusão ao “MindSec”, partem da minha experiência em Segurança no ambiente pessoal e corporativo, trazendo algo que, apesar de parecer óbvio, não parecia convencional nas rotinas de tratativas sobre os riscos de Segurança, surpreendendo pautas elementares de apresentação da Segurança através da provocação de métricas e associações financeiras até então não destacadas, ocupando o espaço oportuno ainda disponível, do qual me sinto responsável em contribuir. Incentivo o processo de multiplicação do “MindSec” em toda a cadeia de valores, provocando e sugerindo novas convicções e compromissos sobre a equação financeira dos riscos de Segurança, na análise, planejamento, investimentos a serem direcionados e indicadores a garantirem os resultados positivos na vida das pessoas e na estratégia organizacional. Assim, assegurando o devido posicionamento organizacional no mercado de ações, em plena contribuição a todos os papéis de uma entidade legal junto às partes relacionadas em sua totalidade.

Desta forma, entendo que através do “MindSec” provocamos uma transformação holística, no cérebro em sua forma física (hardware), que reage e retorna à partir do insistente estímulo da mente (software), que requer o esforço de pensar consciente e consistentemente diferente da forma presente, para que o espaço do pensamento atual seja ocupado pelo novo, interrompendo o antigo para infiltrar o aperfeiçoado até que aquele lugar e período das ideias que precisam ser superadas no consciente sejam tão ocupados que transbordem, marcando o inconsciente (camada profunda), considerando que as perspectivas e conclusões primordiais ou paradigmas, sobre segurança sejam renovadas e naturalmente introduzidas nas contribuições ou decisões propriamente ditas, no âmbito pessoal e dos negócios. Tal qual todo processo de superação, é uma questão de transpor a barreira da ideia convencional para que surja o novo horizonte das ideias aperfeiçoadas.

Propositalmente ilustro a combinação desta transformação física com a mental, uma estimulando a outra em um ciclo contínuo de transformação, porque nunca estará pronta e plena, ao contrário, deverá estar em prontidão e constante atualização para ajuste à realidade das condições espaciais e temporais, porém, observo que a combinação completa abrange todas as dimensões citadas: a física, a mental e a espiritual. Esta última, ao contrário de ter sido esquecida ou distante, é a fundamental, pois, ao se tratar de transformação, completando a ilustração tecnológica de “hardware” e “software”, há de se alertar que nenhum destes funciona sem uma fonte primária de “energia”, portanto, estamos falando do âmbito sobrenatural de onde unicamente tudo se origina, em função de um maior propósito, que é a melhor oferta entre todos na cadeia de relacionamento, humano, comercial e de negócios, cujos resultados consequentes são as realizações pessoais e organizacionais à bem de todos e de tudo.

A neurociência reconhece esta fonte fora do alcance de estudos e explicações humanas por tratar-se do ambiente espiritual, ainda que respeitando a existência de religiões que se referem a Deus ou buscam sua própria intimidade com o ambiente espiritual de outras formas, enquanto que a teologia em sentido estrito reconhece Deus como a fonte e autoridade de tudo e todos, nosso sopro de vida e existência espiritual que nos conecta com o sobrenatural inexplicável, porém, totalmente realizados, e aqui eu completo a combinação da transformação sugerida, fechando a relação do que vivemos no mundo natural através do corpo e da alma (psique) com o que nos conectamos do mundo espiritual, portanto, a transformação plena das características mentais em proveito holístico do tema para a melhor condição de vida e consequente melhores resultados de negócio, à partir de uma íntima relação com Deus, suportando o alcance dos nossos objetivos através de experiências sobrenaturais que garantem a realização das estratégias individuais em favor do coletivo, de vida e organizacionais. Saiba que você melhora sua capacidade de tomar decisões através desta combinação plena, pois, experimentos da Neurociência comprovaram que pessoas durante a prática da oração, chegaram a concentrar 30% à mais de volume de sangue no lóbulo frontal, área do cérebro também responsável pela tomada de decisões, enquanto nenhuma outra atividade, física ou mental, consegue superar 15% deste aumento de volume. Portanto, esta proposta de “MindSec” também assegura melhores condições de decidir, recorrendo a este mecanismo sobrenatural de resultados científicos a partir da oração, que nada mais é do que colocar-se intimamente na presença de Deus e com Ele orientar-se.

Minha proposta de “MindSec” extrapola objetivos de Segurança, segue ao infinito cumprimento de objetivos de vida e de negócios a partir da mentalidade continuamente aperfeiçoada de Segurança, aplicada de forma holística ao combate contra as iniciativas intencionais contra a integridade física e a vida das pessoas, famílias, sociedade, negócios e seus resultados. Este posicionamento é um privilégio que nos remete ao dever de contribuir à sua medida com o bem-estar de todos no seu sentido amplo, profissionalmente esgotando o alcance de resultados operacionais, táticos e estratégicos, pessoalmente praticando e garantindo que sejam praticados os cuidados de segurança onde estivermos, estendendo os benefícios a todos, em família, na sociedade e nas realizações profissionais. “MindSec” incorporando seu estilo de vida, em favor da vida e dos negócios!