Em um artigo anterior, onde falei sobre o modo “piloto automático” no cérebro do profissional da segurança, comentei sobre estudos que mostram que o uso de estímulos periódicos podem ajudar em muito a tirar o homem, durante o trabalho, desse estado de estagnação. Dessa vez, pretendo discorrer sobre uma abordagem onde o ambiente produz essa sinalização, uma mensagem ou, para me manter fiel ao conceito, esse estímulo sensorial.
Tendo como premissa o conceito denominado CPTED – Crime Prevention Through Enviromental Design, em tradução livre “Prevenção do Crime através do Desenho Ambiental”, no qual reside e capacidade de influenciar a decisão do criminoso no momento que antecede o ato delituoso, ou seja, de acordo com estudos específicos, a possibilidade de ser pego, ser detectado tem impacto direto na sua decisão de praticar ou não o crime, isso me influenciou a ampliar essa informação.
Defendo e acredito que se faz necessário que o ambiente, seja ele comercial, industrial ou residencial, passe uma mensagem ao usuário na qual seja percebido (por isso é sensorial) um conforto em estar sendo protegido e, ao contrário, um desconforto por estar sendo observado. Sinais sonoros, luminosos, audíveis e presenciais são elementos dessa sinalização, porém oriundos de uma programação previamente estudada e com o uso da tecnologia já disponível.
Sempre gosto de frisar que não se trata de reinventar a roda ou da criação de um novo conceito, entendo como uma percepção, a simples reunião dos recursos que já temos em mãos, planejados e desenhados de forma a nos possibilitar essa comunicação em tempo integral com as pessoas que vivem, trabalham ou frequentam os ambientes.
O que nos faz prestar atenção nas chamadas de voos em aeroportos é um sinal sonoro que precede a nova informação e que a torna característica (hoje já utilizada em alguns Metrôs). Imagine uma voz cumprimentando todas as vezes que entramos em um elevador. Talvez pudesse atenuar algumas cenas estranhas, engraçadas e até violentas que se vê ao observar as imagens desses espaços. Há uma cidade perto da capital paulista que adota totens identificados de maneira padronizada, composto por câmeras, luzes intermitentes, botão de acionamento para emergências e que, periodicamente emitem mensagens pré-gravadas fazendo com que as pessoas próximas percebam a presença da Guarda Civil Metropolitana naquele ambiente. São apenas alguns exemplos do que entendo por interatividade na segurança.
Penso que a adequação dos sistemas de imagens, de iluminação de emergência, de proteção perimetral, acessos, a chegada (presença física) de um profissional a partir de uma não conformidade, sobre voo de um drone que emite sinais (sons e luzes), a orientação do operador do monitoramento através da câmera com som bidirecional para alguém com dúvidas para onde seguir, entre outras combinações já possíveis, podem trazer uma comunicação ativa com as pessoas e passar a mensagem de que alguém olha por elas – a favor ou contra (no caso de um potencial criminoso).
Finalizando, pretendo contribuir para que, através dos serviços da Segurança Patrimonial, tornar um local ativo, vivo, interativo, somando-se aos conceitos da arquitetura e, juntos prevenir, inibir e desencorajar o crime.