Comportamento de Gringo Brasileiro

Como é bom fazer um programa ao ar livre usando a infraestrutura pública disponível. Domingo de sol radiante, fomos todos à praia de Deerfield Beach, no sul da Flórida, para levar uma ilustre visitante que está aqui por esses dias, minha mãe.

Quando estamos vivendo aqui nos Estados Unidos por um tempo, vamos nos adaptando ao estilo de vida, ao funcionamento das coisas que passam a se incorporar em nossos hábitos e, muitas vezes, já não nos damos mais conta das diferenças em relação ao nosso país de origem. Como é fácil se adaptar ao que funciona e dá certo!

Estacionamento público delimitado, ruas limpas, motoristas que param para o pedestre atravessar a rua, chuveiros de água doce ao longo da orla, coqueiros limpos para não cair nenhum coco na cabeça dos cidadãos, áreas sombreadas com apoio de mesas e bancos, policiamento presente, salva-vidas bem posicionados, informações atualizadas sobre o tempo, o mar e outras sobre a vida marinha (áreas de preservação de tartarugas, presença de tubarões, etc.). Tudo isso e muito mais foi percebido pela minha mãe, que não parou de relacionar outros itens, entre eles, a ausência dos vendedores ambulantes, dos carros de som nas alturas e de ninguém estar com medo de ser assaltado.

O curioso é que depois de passarmos um tempo convivendo com tais facilidades, entre elas a segurança, vamos esquecendo do estado de alerta que precisamos estar o tempo todo para evitar sermos vítima da insegurança no Brasil. Em geral, ao ir à praia no Brasil nos limitamos a levar o dinheiro do coco e do flanelinha, sem o celular para não correr o risco de perdê-lo para um trombadinha ou até mesmo num arrastão.

Não canso de repetir que a educação é mãe de muita coisa, inclusive da segurança, portanto, sempre que formos para lugares onde a educação, principalmente aquela que afeta a convivência social, é menor do que no lugar onde moramos, é preciso se adaptar ao que as pessoas fazem por lá para se proteger.

Lamentavelmente, o descaso que se encontra a insegurança pública no Brasil faz com que sejamos motivo de piada internacional, como mostra a paródia musical do game ‪Dumb Ways to Die “in Rio”. No vídeo, entre as várias formas estúpidas de morrer, quase todas são ligadas à segurança pública e a saúde. Fala até da estrada que pode desabar, assim como foi a ciclovia no Rio de Janeiro.

Em sua próxima viagem ao Brasil, procure fazer, com antecedência, uma pesquisa conversando com amigos e familiares sobre os riscos do momento (arrastão no trânsito, assalto em restaurantes, sequestro relâmpago, furtos em hotéis, golpes, etc.) por lá. Cabe lembrar que, mesmo sendo brasileiro, você pode parecer um “gringo”; por sua atitude, comportamento, modo de se vestir, crianças se comunicando em inglês e outros detalhes.

Entender o momento de virar a chave do “alerta” ao chegar no Brasil pode ser a diferença entre estar seguro ou ser vítima.

Matéria publicada em minha coluna no jornal Gazeta Brazilian News: http://gazetanews.com/author/igor-pipolo/.