Introdução
A abrangência corporativa da Segurança presume a atuação do profissional nos processos de negócio e/ou nos diversos negócios de uma organização, por qualificar a Gestão de Segurança em nível estratégico da Organização e não somente em nível da própria área de Segurança. Introduzindo as suas técnicas e manifestando os seus próprios conhecimentos também em níveis táticos e operacionais, mas, com mais autonomia e autoridade conquistada, não imposta.
Esta é a atuação regular, ou pelo menos esperada, da Segurança Corporativa enquanto área que participa das decisões organizacionais e dá assistência aos diferentes processos da empresa garantindo a sua manutenção e continuidade. Aplica, cria e flexibiliza normas e procedimentos, agregando conhecimento técnico e experiência, visando o gerenciamento de excessões e crises em geral.
Quando falamos em Proteção Física, por exemplo, estamos nos referindo a atuação da Segurança pelos meios estruturais, técnicos ou aplicados de forma técnica, de um determinado local ou ambiente, tenham sido eles criados, instalados ou simplesmente otimizados nas suas funções originais pela arquitetura existente (CPTED): portas; paredes; pessoas; avisos; obstáculos (móveis ou imóveis) e seus acessórios (fechaduras mecânicas, concertinas, grades, etc,). Aqui não estamos incluindo a complementação pelos recursos eletrônicos que se tornaram uma especialidade da Segurança em particular por atuarem como proteção em qualquer estrutura física, seja ela de proteção ou não.
Neste exemplo o objetivo principal é prevenir a ação de agentes internos ou externos que posam ameaçar aquilo que trato como o nosso “objeto de proteção”, ou protegido (empresa, atividade em particular ou pessoa), impondo dificuldades que nos permitam o seu controle, identificação e resposta eficiente.
Estas dificuldades impostas por nós devem atender aos objetivos de proteção, porém, antes disso elas devem respeitar as necessidades daquele “objeto de proteção” na busca dos seus resultados, ou seja, não podem representar dificuldades também às funções regulares daquela empresa, atividade em particular ou pessoa.
Ao contrário, o plano de proteção deve estar fundamentado no conhecimento da dinâmica daquele “objeto de proteção” e compartilhar da sua busca de resultados, não pode concorrer contra o que visa proteger. Qualquer mudança que ocorra em função de proteção deve trazer melhorias comprovadas e assumidas por todos os envolvidos.
Referindo-me mais especificamente a uma empresa como o “objeto de proteção”, é comum a impressão de que as ações e medidas de Segurança sejam implementadas com o prejuízo das demais áreas do negócio, principalmente quando os seus decisores não são profissionais desta área. Seja por falta de conhecimento, dificuldade em questionar os outros processos ou comodismo, a imagem final é de que a Segurança dificultou, “engessou”, atrapalhou, e, logo, somente consegue atuar quando imposta, sendo posicionada à margem do negócio pela opinião organizacional. Ou seja, ironicamente nos tornamos marginais, para com a empresa.
Atuando nos Processos do Negócio
Considerando que uma empresa congrega um conjunto de atividades com seus processos individuais, e cada uma destas atividades representa um valor importante para o alcance dos seus objetivos de negócio, observamos então que o resultado esperado é produzido através da interligação destes valores, por seus processos interdependentes. Esta identificada a “cadeia de valores”.
Buscando o conhecimento sobre os processos e necessidades de cada atividade, praticamos a inclusão da proteção nesta cadeia de valores tanto quanto incluímos as demais atividades em nossos processos de proteger, conquistando a participação nos processos de decisão e mudanças do negócio.
Assim, obtemos maior quantidade e melhor qualidade de informações para dirimir as ações e medidas eficientes de Segurança, reconhecidas e validadas pela empresa como parte ativa de seu negócio. Ao mesmo tempo, aquelas medidas não reconhecidas ou validadas fornecerão melhor conhecimento e consciência àqueles envolvidos na decisão sobre os riscos assumidos. É uma ótima oportunidade de informação e comprometimento geral sobre o impacto nos resultados do negócio, que apoiará a elaboração ou manutenção adequada do Plano de Continuidade dos Negócios, na sua capacidade de contingência e resposta.
Repare que estamos tratando de uma estratégia onde a mudança cultural gera a transição da Segurança da condição passiva para a ativa, buscando a proativa, que traduz-se na prevenção, posição de maior eficiência e de menor custo, que todos conhecemos, pregamos e normalmente praticamos com restrição. A mudança a que me refiro começa com o próprio profissional de Segurança para que, com aplicação tática simultânea envolva a empresa e seus negócios em todos os seus níveis.
Quando as nossas ações e medidas são planejadas e aplicadas em função das atividades individuais e de interdependência na cadeia de valores da empresa, estamos protegendo os diversos processos de negócio, garantindo execuções conforme planejado, e preparando as operações para a ação de possíveis ameaças que provocariam a sua interrupção.
Atuar nos processo de negócio é proteger a empresa adequando as ações e medidas de Segurança em função da sua cadeia de valores, provocando somente mudanças que mantenham ou melhorem os seus resultados operacionais e financeiros. Agregando valor à capacidade de interligação dos processos gerando “vantagem competitiva”.