Em nosso último artigo sobre Segurança Pessoal, utilizamos uma analogia com “chovendo no molhado”, à fim de reforçar a importância da pauta em nível da alta gestão, assim como provocar a percepção de diferentes perspectivas desta competência na estratégia dos negócios.
Agora vamos considerar que esta pauta tenha sido desenvolvida, que a decisão de integrar os cuidados com a Segurança Pessoal aos planos de médio e longo prazo da organização foi tomada, portanto, “brilha o sol após o período de chuvas e trovoadas”, quando não foram “tempestades” as causas desta decisão.
Este é o momento de sair da teoria, que pode parecer romântica ao associarmos a Governança Corporativa no mais alto nível estratégico como fizemos no último artigo, e partirmos para os próximos passos, caminhando para o planejamento, em busca da produção de efetivos resultados em nível tático-operacional.
Temos sido consultados por membros de direção executiva em multinacionais, empresários, sócios e investidores, “inseguros” quanto ao investimento no plano de segurança, por estarem também ainda “inseguros” em sua percepção pessoal de proteção, com um histórico de investimento frustrado, insatisfeitos pela falta de efeito ou resultados, experimentando a segurança pessoal como uma despesa, com eventual efeito restrito ao atendimento de uma exigência securitária, ou seja, longe da sua produção de resultados na vida das pessoas e na capacidade de continuidade das operações.
Ao nos aprofundarmos nas entrevistas com estas pessoas, constatamos que os investimentos criticados formaram uma estrutura precária de fato, pois, foram instruídas à partir de opiniões e recomendações fragmentadas, em diferentes momentos ao longo do tempo seja sob a pressão de circunstâncias críticas ou fatos isolados, tornando mesmo o resultado do seu investimento em um agrupamento de custos, quando não numa perda recorrente, tendo em vista praticarem ou estarem sujeitos a uma estrutura desintegrada e truculenta.
Desintegrada porque em nenhum dos casos observados foi feito um planejamento estratégico suportado pela devida análise de risco, que organizasse os projetos relativos às competências que compõem o “sistema de segurança pessoal” e seus recursos de forma integrada.
Truculenta como consequência da falta de análise e planejamento, induzindo ações e medidas concentradas nos recursos operacionais em si próprios, geralmente os “recursos humanos”, não somente para “reagir de improviso”, mas, também para “pensar de improviso”, tanto nas rotinas diárias quanto nas emergências ou crises propriamente ditas, condição desastrosa diante de algumas ocorrências, onde a capacidade desproporcional entre o potencial ofensivo do evento e os recursos disponíveis para tratamento do cenário, resultam em situações irreversíveis.
Vale lembrar que o ambiente organizacional aderiu às competências militares, para fins de segurança e soberania de um povo sobre seu território e ativos, ao desenvolver “estratégias” (videorigem da palavra “estratégia”), para a condução da rota ao atingimento de objetivos e obtenção de resultados dos negócios, portanto, não há de se admitir a dispersão de recursos e a truculência na Segurança Pessoal, assim como deveria ser óbvia a necessidade de analisar e organizar de forma inteligente, personalizada e não somente pessoal, as razões e os meios de tratamento dos riscos contra a integridade física e a vida de uma pessoa.
No ambiente governamental, a Segurança Pessoal está inserida na área de Inteligência, ou seja, trata-se de uma ação contínua de inteligência garantindo as realizações de negócios, com benefícios pessoais que suportam a capacidade individual de realizações pelas pessoas.
Reforçamos que cuidar de vidas tem seu maior efeito na garantia do cumprimento de uma estratégia, seja governamental no interesse da soberania e defesa nacional, ou corporativa no interesse dos resultados financeiros e contribuição econômica na sociedade, portanto, trazendo os benefícios à pessoalidade ou interesse pessoal ao nível de “valor agregado” que, como tal, o investimento deve ser definido pelo devido critério de prioridade, com o olhar na estratégia e resultados financeiros da organização “combinada” com as características e necessidades pessoais, através de um plano de segurança pessoal elaborado à partir de uma análise de riscos, para que se alcance os melhores resultados dos negócios, combinados aos melhores efeitos em favor da integridade física e da vida, das pessoas e suas famílias.
Uma vez tomada a decisão de um plano de segurança pessoal, o primeiro passo é preparar-se para rever tudo o que está sendo feito até o momento presente, através de uma análise de riscos consistente e suportada por métodos e processos reconhecidos, agregando capacidade analítica e sinergia com o contexto organizacional, atendendo uma visão macro desde a Governança Corporativa, alcançando rentabilidade (eficiência e eficácia) operacional, gerenciada por indicadores reconhecidos e validados pela direção executiva.
Após implementado o plano de segurança pessoal, além de preservar a integridade física e a vida das pessoas, em suporte a atividade de Segurança Pessoal temos processos de análise e investigação contínua dos ambientes, no que diz respeito a conduta, o que estende a importância desta atividade no contexto de governança, navegando funcionalmente e de forma peculiar entre as “linhas de controle” em suporte a Equidade no tratamento justo e isonômico dos sócios e partes interessadas, como suporta a Prestação de Contas (accountability) para a devida responsabilidade integral pelos atos.
Desta forma, apesar do objetivo de apresentar a análise e planejamento como desdobramento após a tomada de decisão, reitero a extensão dos efeitos da sua aplicação inteligente à partir da vida à ser protegida, aos interesses coletivos de todos aqueles direta e indiretamente relacionados ao plano de segurança e aos negócios – todas as partes interessadas.